A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu o inquérito que apurou o crime de tentativa de feminicídio ocorrido no dia 19 de maio, dentro de um motel em Bocaiuva, no Norte de Minas. Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (29), a polícia revelou que o suspeito, de 19 anos, além de tentar matar a vítima, tinha a intenção de mumificar o corpo e utilizá-la como escrava sexual.

O crime aconteceu após o jovem convidar a mulher, de 27 anos, para sair. Era apenas o segundo encontro entre eles, sem qualquer vínculo afetivo ou sexual anterior. De acordo com a Polícia Civil, o ataque ocorreu logo após a vítima manifestar o desejo de ir embora.
Conforme as investigações, o autor aplicou um golpe conhecido como “mata-leão” e, em seguida, desferiu dois golpes de canivete no pescoço da vítima — um na lateral e outro na parte posterior. Mesmo ferida, ela conseguiu se desvencilhar, fugir do quarto e pedir socorro.

A mulher foi socorrida pelo Samu e levada para o hospital da cidade, onde permaneceu estável. Já o suspeito foi encontrado pelos policiais deitado tranquilamente na cama do motel. Ele tentou esconder o canivete colocando o objeto dentro da bolsa da vítima e chegou a tentar jogá-lo na descarga, sem êxito.
O delegado responsável pelo caso, Thelles Bustorff, destacou que o crime foi premeditado e motivado por razão torpe, ou seja, sem qualquer justificativa aceitável. “O autor não tinha qualquer vínculo com a vítima. Houve uma tentativa clara de feminicídio por motivo torpe, com requintes de crueldade e sem qualquer ligação afetiva ou sexual com ela”, afirmou.

As investigações também revelaram traços preocupantes no histórico do autor. Ele já apresentava comportamento extremamente agressivo na escola, onde ameaçava colegas e professores de morte, além de ser flagrado consumindo pornografia nas aulas. Dentro de casa, também acumulava episódios de violência, incluindo uma tentativa de agredir a própria mãe com uma faca.
Durante buscas na residência, os policiais encontraram objetos como algemas, livros sobre psicopatas e DVDs de serial killers, indicando uma obsessão com violência e comportamentos criminosos. Duas semanas antes do crime, a mãe encontrou comprimidos de Diazepam entre os pertences do filho. Questionado, ele afirmou que pretendia usar o medicamento para dopar uma mulher, com o objetivo de matá-la e mumificar seu corpo, mantendo-o como escrava sexual.

Ainda segundo a Polícia Civil, o jovem possui dois laudos médicos, psiquiátrico e psicológico, que atestam comportamento violento e agressivo desde a infância. Entretanto, não há diagnóstico que o comprove como psicopata.
O suspeito permanece preso e foi indiciado por tentativa de feminicídio por motivo torpe e sem qualquer vínculo com a vítima. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público e à Justiça, que darão sequência ao processo criminal.