A expectativa de vida dos Brasileiros é de 76 anos de idade, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para os homens este número era de 73 anos, em 2019. Mas ultraar essa marca é possível e o censo em 2018 prova isso. Segundo a pesquisa, vivem no país mais de 24 mil idosos com 100 anos ou mais de idade. O seu José Teixeira de Oliveira é um deles; ele completa 101 anos nesta sexta-feira (19 de junho), com uma saúde inabalável e um carisma sem igual, o idoso contou ao Webterra um pouco de sua história de vida.
História de vida
Era 19 de junho de 1919 quando José Teixeira de Oliveira nascia em Salvador-BA. Mas o filho de comerciantes foi registrado e criado na cidade de Poções, a 444 km da capital baiana. José teve uma infância tranquila, estudou até o ensino médio, mas depois disso os pais dele não viam a necessidade dele continuar os estudos. Aos 19 anos, Zé Baiano, como ficou conhecido, viu que era hora de sair da pequena cidade e ir ganhar a vida em São Paulo; a maior metrópole do Brasil atraia muitos nordestinos em busca de emprego na década de 1920.
“No meio do caminho havia uma pedra”… “E agora José?” Fazendo referência a dois poemas do poeta Carlos Drummond de Andrade, a partir daí a vida de José Teixeira parece até um poema. Antes de chegar à capital paulista, o baiano ficou doente, era a febre tifóide, doença bacteriana que, se não tratada, pode matar. No Brasil a enfermidade ocorreu, e ainda há registros de casos segundo o Ministério da Saúde, sob forma endêmica em regiões isoladas, especialmente no Norte e Nordeste do país, de onde nosso viajante havia saído.
Eis que com “essa pedra”, José construiria anos mais tarde um castelo, mesmo que ainda não sabia disso. O idoso conta que foi na cidade de Montes Azul, no Norte de Minas, onde os sintomas ficaram mais fortes, ai não teve jeito: a viagem foi interrompida.
“Essa febre foi uma grande pandemia histórica. Parei em Monte Azul e fiquei lá por anos tratando. Mas depois que sarei permaneci por lá e desenvolvi toda minha vida”, conta.
Completamente lúcido e muito bom de memória, ele lembra que o primeiro serviço na cidade foi de encarregado de turma em uma fazenda, mas logo virou de várias fazendas em toda região. Nesses mais de cem anos de vida, seu José também teve participação muito importante na política local e chegou a ser vereador, inclusive em uma época na qual a profissão não era remunerada.
O segredo da longevidade
Seu José se casou duas vezes, e está junto com a segunda esposa até hoje, a dona Maria Aparecida Gonçalves. Eles se conheceram em Monte Azul há 41 anos. O idoso tem 18 filhos, 38 netos, alguns bisnetos e um tataraneto e é difícil saber qual deles é o xodó. O que não é difícil é saber qual o segredo da longevidade dele. Quando perguntado, responde:
“O segredo de viver é não morrer (risos). E pra não morrer ei a me abster-se de tudo que me fazia mal, desde a bebida alcoólica, cigarro, qualquer coisa que colocasse minha vida em risco, ou que prejudicasse a minha saúde e integridade física”, conta sorridente.
Uma das filhas, a Erika Luz, que trabalha como DJ, vai além, e diz que o segredo para chegar aos 101, com muita saúde, como está o pai dela, com certeza foi graças a uma boa e saudável alimentação.
“Livre de agrotóxicos, comidas 100% natural e menos produtos industrializados, o que na época da infância e durante toda a vida, todos da família se alimentavam assim, principalmente ele, todos eram mais saudáveis”, afirma.
Há 12 anos seu José e a esposa se mudaram para Montes Claros. No ano ado, quando completou o centenário toda a família se reuniu em um almoço, o que o deixou bastante emocionado. Neste ano, segundo Erika Luz, por causa da pandemia do novo coronavírus, os cuidados com o pai está sendo, principalmente, o isolamento social.
“Não estamos visitando, ele está somente aos cuidados da minha mãe, e ela faz toda higienização de tudo que vai usar nele, com álcool, estão totalmente isolados. Veja aonde chegamos, a prova de amor é não visitar, ou seja, por amor estamos afastados dele, triste de mais”.
Nos últimos tempos Zé Baiano tem andado um pouco triste por não ter a família por perto, principalmente os filhos e netos que costumavam estar na casa dele todos os dias. A festa que estavam organizando para o aniversário vai ter que ficar para o ano que vem, mas a certeza que o idoso de 101 anos tem, é que o amor da família, apesar da distância, cresce cada vez mais.
Esse carinho pode ser percebido nas palavras cheias de afeto que a filha Erika dedicou ao paizão. “Você chegou até aqui para nos mostrar que não há limites para ser feliz! São 101 anos de muita alegria e muitos sorrisos espalhados por onde o senhor a. Hoje não é um dia comum, afinal, eu nunca conheci ninguém que chegou a essa idade. Por isso, os meus parabéns são os mais sinceros do mundo, e os meus desejos a você são somente de paz, felicidade e muita saúde! Meus parabéns por essa data tão especial meu pai. Amo você infinitamente”.
**Escrita pelo repórter Carlos Alberto Jr.
